Duma remota paisagem,
Dizem que veio um menino
Nas naus de torna-viagem
Passageiro clandestino.
Diz que mal entrou a barra
Soltou a voz da garganta
E ao som duma guitarra
Chorou, mas como quem canta.
Mas cá pra mim
Ele tem feições de mouro
Menino d’ouro
Abandonado
Que por Alfama, p’la Moirama,
Por Lisboa,
Cresceu à toa,
Cresceu
E CHAMA-SE FADO !
Há quem diga que esse fado
Nascido não sei aonde,
É o fruto do pecado
Duma rameira e dum conde
Do Brasil veio até nós...
Já ouvi mais que uma vez.
MAS ELE CANTA A NOSSA VOZ,
SEM SOTAQUE E EM PORTUGUÊS !