
É bom lembrar mais vozes, pois Lisboa
Cidade com poético fadário
Cabe toda num verso de Cesário
E alguma em ironias de Pessoa
Para cada gaivota há um do O'Neil
Para cada paixão, um do David
E há Pedro Homem de Melo que divide
Entre Alfama e Cabanas, seu perfil
E há também o Ary e muitos mais
Entre eles, o Camões e o Tolentino
Ou tomando por fado, o seu destino
Ou dando de seu riso, alguns sinais
Muito do que escreveram e se canta
Na música de fado que já tinha
O próprio som do verso vem asinha
Assim do coração para a garganta
Que bom seria tê-los a uma mesa
De café, comparando as emoções
E a descobrirem novas relações
Entre o seu fado e a língua portuguesa
Poema de Vasco de Graça Moura, música de Miguel Ramos
