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domingo, 1 de janeiro de 2012

Susana Lopes deseja-lhe um excelente ano 2012 ♥


Desejo a todos um excelente ano 2012, com saúde, alegria, amor, paz ... e Fado ♥ !

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Poetas de Lisboa


É bom lembrar mais vozes, pois Lisboa
Cidade com poético fadário
Cabe toda num verso de Cesário
E alguma em ironias de Pessoa

Para cada gaivota há um do O'Neil
Para cada paixão, um do David
E há Pedro Homem de Melo que divide
Entre Alfama e Cabanas, seu perfil

E há também o Ary e muitos mais
Entre eles, o Camões e o Tolentino
Ou tomando por fado, o seu destino
Ou dando de seu riso, alguns sinais

Muito do que escreveram e se canta
Na música de fado que já tinha
O próprio som do verso vem asinha
Assim do coração para a garganta

Que bom seria tê-los a uma mesa
De café, comparando as emoções
E a descobrirem novas relações
Entre o seu fado e a língua portuguesa

http://youtu.be/om8roFEHoI4

Poema de Vasco de Graça Moura, música de Miguel Ramos


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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

domingo, 4 de dezembro de 2011

MUSA

Se os meus olhos falassem diriam
Como é belo o teu tangente sentir
E nas palavras do fado sentiriam
Que da alma cantas sem fingir

Susana fadista amante do Fado
Imigrante bem portuguesa
Teu sentir apaixonado
É do Fado com certeza

Mulher de voz calorosa
Do Fado distante universo
O teu destino rubra rosa
Que a poesia deu em verso

Ana Barbara de Santo António

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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Canção do Mar

Fui bailar no me batel
Além do mar cruel
E mar bramindo
Diz que eu fui roubar
A luz sem par
Do teu olhar tão lindo

Vem saber
se o mar terá razão
Vem cá ver
bailar meu coração

Se eu bailar no teu batel
não vou ao mar cruel
E nem lhe digo
aonde fui roubar
a luz sem par
do teu olhar tão lindo

Poema de J. Frederico de Brito e música de Ferrer Trindade

http://youtu.be/y4rMrqk01Hk

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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

GAIVOTA de Alexandre O'Neil


Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse
Nesse céu onde o olhar
é uma ave que não voa
esmorece e cai no mar

Que perfeito coração
no meu peito bateria
Meu amor na tua mão
nessa mão onde cabia
perfeito, o meu coração

Se um português marinheiro
dos sete mares, andarilho
fosse quem sabe o primeiro
A contar-me o que inventasse
se um olhar de novo brilho
ao meu olhar se enlaçasse

Que perfeito coração
no meu peito bateria
Meu amor na tua mão
nessa mão onde cabia
perfeito, o meu coração

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu
me dessem na despedida
O teu olhar derradeiro
esse olhar que era só teu
amor, que foste o primeiro

Que perfeito coração
morreria no meu peito
Meu amor na tua mão
nessa mão onde cabia
perfeito, o meu coração

Poema de Alexandre O'Neil - música de Alain Oulman

http://youtu.be/-fqbpwsRjGM

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domingo, 6 de novembro de 2011

ESTRANHA FORMA DE VIDA

Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade
Que todos os ais são meus
Que é toda minha a saudade
Foi por vontade de Deus !

Que estranha forma de vida
Tem este meu coração
Vive de vida perdida
Quem lhe daria o condão ?
Que estranha forma de vida !

Coração independente
Coração que não comando
Vives perdido entre a gente
Teimosamente sangrando
Coração independente

Eu não te acompanho mais
Para, deixa de bater
Se não sabes onde vais
Porque teimas em correr ?
Eu não te acompanho mais !

Poema de Amália Rodrigues - Música de Alfredo Duarte

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

FADO EM MIM GUARDADO de Tó Maria Vinhas

Este Fado que eu canto
Tem segredos de ternura
Traz carinhos, leva amor
Tem saudades à mistura

Eu canto só para ti
Este fado, minha canção
Vive aqui dentro de mim
Mora no meu coração

Quem me dera ter garganta
P'ra cantá-lo a qualquer hora
Vou prendê-lo à minha voz
Para que nunca vá embora
Não acaba a melodia
Quando o refrão terminar
Porque aqui neste meu peito
Este Fado eu vou guardar

Canto apenas por amor
É por ti que hoje eu canto
Pois és tu que sinto em mim
Quando a minha voz levanto

Não há outro Fado assim
Porque amor só temos um
E enquanto amor houver
Eu não quero mais nenhum

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Glossário Fadista

Se o fado foi, durante as décadas de trinta, quarenta e cinquenta, a verdadeira canção popular de Lisboa, muitas das tradições e locais que o ajudaram a perpetuar desapareceram e estão hoje perdidos no tempo. Razão mais que suficiente para recordar algumas delas, neste pequeno glossário que pretende rapidamente defini-las.

  • CASAS DE FADO

Não se trata, ainda, daquilo que hoje conhecemos como "casa de fado".

No século XIX a expressão tinha uma conotação negativa, dada a relação do fado com a má-vida, a marginalidade e a prostituição, e referia-se a um bordel ou casa de passe, confinadas a bairros específicos como Alfama ou Mouraria. Progressivamente, contudo, passará a designar casas de espectáculo vocacionadas especificamente para a apresentação séria de música de fado, muitas das quais propriedade de nomes célebres do género e situadas geralmente no Bairro Alto. Aproveitadas igualmente pelo regime salazarista para efeitos turísticos, as primeiras casas de fado datam de 1938 (Adega Mesquita), 1939 (Adega Machado) e 1940 (Luso), numa vocação que se irá institucionalizar progressivamente num circuito muito específico e profissional que agregará à sua volta os melhores cantores e cantoras de fado.

  • CEGADAS

Sob esta designação escondiam-se folias carnavalescas realizadas por grandes grupos de homens que corriam a cidade cantando e fazendo diabruras.

  • HORTAS

Por este nome se definiam os perímetros rurais da cidade de Lisboa, para onde aos fins-de-semana os citadinos iam retemperar os pulmões e passar alguns momentos aprazíveis com as famílias (por ex. Estrada de Benfica, Calçada de Carriche, etc.).

  • RETIROS

Se forem retiros das hortas, tratava-se de restaurantes e casas de pasto, com esplanadas e áreas de espectáculo, para onde os lisboetas se deslocavam ao fim-de-semana. Para manter a clientela, não se limitavam a servir comidas e bebidas, com os fadistas e cantadores a tornarem-se atracções especialmente concorridas. Se forem apenas retiros, significa outra designação para casa de fados, na acepção moderna da palavra.

  • VERBENAS

Espectáculos de amadores, realizados durante a tarde, muitas vezes em associações ou colectividades de bairro, que ajudavam muitas vezes à revelação de talentos.

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"O Fado é uma das músicas que os portugueses fazem bem, que realmente sabem sentir e julgar. Não precisa de ser recuperado, nem curado, nem reabilitado, nem salvo. O Fado já está salvo há muito tempo."

Miguel Esteves Cardoso



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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

MINHA MÃE EU CANTO A NOITE de Vasco de Lima Couto

Minha mãe eu canto a noite

Porque o dia me castiga

É no silêncio das coisas

Que eu encontro a voz amiga


Minha mãe eu sofro a noite

Neste amor em que me afundo

Porque as palavras da vida

Já não têm outro mundo


Minha mãe eu grito a noite

Como um barco que te afasta

E naufraga no mar alto

Ao pé da onda mais casta


Minha mãe o que fizeste

O que fez o teu amor

Naquela hora tardia

Em que me pariste em dor


Por isso sou este canto

Minha mãe, tão magoado

Que visto a noite em meu corpo

Sem destino, mas com fado


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FIZ DO FADO A MINHA SORTE de Agostinho Mendes

Fiz do Fado a minha sorte
Nele trago o meu sentido
E a razão do meu viver
Fado amigo és meu Norte
E desabafo contigo
As mágoas do meu sofrer

Se a nostalgia me invade
Dele faço a minha amarra
P'ra aliviar meu castigo
E então ouço a saudade
A carpir numa guitarra
Como que a chorar comigo

Faz-me sempre companhia
Nas horas boas e más
Vive comigo a meu lado
E assim vivo o dia a dia
Que só a morte me faz
Separar de ti meu Fado


Música de Georgino de Sousa

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

SE TUDO MUDA de Fernando Campos de Castro


Já nada tem o sabor de antigamente

E nem a gente é tão forte como era

No Verão chove, o Inverno é seco e quente

E o Outono até parece Primavera


Nada se faz como dantes se fazia

Tudo é diferente do que era no passado

E até a flor que te dou com alegria

Sendo tão bela dura apenas um bocado


Mudam os tempos, a vontade e o fazer

Muda a vida muda a forma de criar

Se tudo muda, meu amor, eu quero ver,

Se também mudas a maneira de gostar


O que se come quase sempre faz-nos mal

Mesmo se dizem que dá força e juventude

O que bebemos e nos dizem natural

É saboroso mas dá cabo da saúde


Há tantas coisas que não têm mais sentido

No nosso mundo que anda tão destemperado

Se até o peixe vem do mar já poluído

E nem o sal nos parece tão salgado


Mudam os tempos, a vontade e o fazer

Muda a vida muda a forma de criar

Se tudo muda, meu amor, eu quero ver,

Se também mudas a maneira de gostar


Poema de Fernando Campos de Castro - Música de Lúcio J. Campos

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http://www.myspace.com/susanalopes/music/songs/se-tudo-muda-76312979

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

VEJO DA MINHA JANELA de Luís Tomar

Da minha janela eu vejo

Sobre as águas do Rio Tejo

Gaivotas esvoaçando

E também os cacilheiros

Transportando os passageiros

Que elas vão acompanhando


Vejo o Panteão e a Sé

São Vicente e até

Santa Apolónia e o Cais

Santo Estevão, Madalena

Gostava de ver a Pena

Mas está distante demais


Olhando o Cais do Sodré

Vejo mesmo ali ao pé

A Ribeira e o Mercado

E no Terreiro do Paço

O povo num embaraço

P’ra passar p’ra o outro lado


Vejo a Ponte e o Cristo Rei

Muitas coisas não citei

Desta cidade tão bela

No alto avisto o Castelo

Que panorama tão belo

Vejo da minha janela


Vejo da minha janela

Como se fosse uma tela

Pintada em tom natural

Esta Lisboa que eu canto

Lisboa que eu amo tanto

É Lisboa, é Portugal

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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

HAVEMOS DE IR A VIANA de Pedro Homem de Mello


Entre sombras misteriosas
Em rompendo ao longe estrelas
Trocaremos nossas rosas
Para depois esquecê-las

Se o meu sangue não me engana
como engana a fantasia
Havemos de ir a Viana
Ó meu amor de algum dia
Ó meu amor de algum dia
havemos de ir a Viana
Se o meu sangue não me engana
Havemos de ir a Viana

Partamos de flor ao peito
que o amor é como o vento
Quem para perde-lhe o jeito
e morre a todo o momento

Ciganos verdes ciganos
deixai-me com esta crença
Os pecados têm vinte anos
Os remorsos têm oitenta

(Poema de Pedro Homem de Mello, música de Alain Oulman)


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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Fernando Pessoa terá razão ?

Fernando Pessoa explicou em 1929, ao Notícias Ilustrado, o que segue :

"O fado ... não é alegre nem triste. É um episódio de intervalo. Formou-o a alma portuguesa quando não existia e desejava tudo sem ter força para o desejar. As almas fortes atribuem tudo ao Destino ; só os fracos confiam na vontade própria, porque ela não existe. O fado é o cansaço de alma forte, olhar de desprezo de Portugal ao Deus em que creu e que também abandonou. No fado os deuses regressam legítimos e longínquos."


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Fernando Pessoa (écrivain, critique, polémiste et poète portugais, 1988 / 1935), dans une interview accordée au journal "Notícias Ilustrado" en 1929 a expliqué le fado selon lui :

"La fado ... n'est ni joyeux ni triste. Il se joue dans l'intervalle entre les deux. Il a formé l'âme portugaise quand elle n'existait pas encore et quand elle désirait l'absolu sans disposer de la force nécessaire. Les âmes fortes attribuent tout au destin ; seuls les faibles d'esprit comptent sur leur propre volonté, qui d'ailleurs n'existe pas. Le fado est le chant de l'âme forte, un regard dédaigneux du Portugal au Dieu en qui il croyait et qui, lui aussi, l'a abandonné. Dans le fado les dieux reviennent d'une façon légitime de contrées lointaines."


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terça-feira, 4 de outubro de 2011

PRECE de Pedro Homem de Mello

Talvez que eu morra na praia
Cercada em pérfido banho
Por toda a espuma da praia
Como um pastor que desmaia
No meio do seu rebanho

Talvez que eu morra entre grades
No meio duma prisão
E que o mundo além das grades
Venha a esquecer as saudades
Que roem meu coração

Talvez que eu morra dum tiro
Castigo de algum desejo
E que, à mercê desse tiro
O meu último suspiro
Seja o meu primeiro beijo

Talvez que eu morra num leito
Onde a morte é natural
As mãos em cruz sobre o peito
Das mãos de Deus tudo aceito
Mas que eu morra em Portugal

http://youtu.be/4ioSbXbiKlI


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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CIÚME É CHAMA MALDITA de Jorge Rosa

Ciúme é chama maldita
Que se ateou na minh'alma
E que aos poucos me devora
Padece, a pobre, e não grita
Sofre mas não perde a calma
Agoniza mas não chora

Só eu e Deus, mais ninguém
Sabemos quanta tortura
O meu coração padece
Mas no meu rosto porém
Nem a mais leve amargura
Se desenha ou transparece

E ao fracasso não cedo
E juro por minha fé
Ninguém verá o meu fim
Eu sou como o arvoredo
Morrem as árvores de pé
Também morrerei assim

http://youtu.be/MlQkJG9ZTUw
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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

FALA DA MULHER SÓZINHA de Eduardo Olímpio

Já estou louca de estar só
acompanhada de nada
Já estou cheia de ser rua
tão corrida e tão pisada
Já estou prenha de amizades
Tão barriga de saudades

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar o olhar duma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais longe mais além
Mas a saber que sou mulher

Na cidade sou loucura
sou begónia, sou ciúme
Eu que sonhava ser lume
caminho atrás da lonjura
Não faço parte da festa
Sou a migalha que resta

http://youtu.be/4s6Y7zkRpJI

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

LÁGRIMA de Amália Rodrigues

Cheia de penas
Cheia de penas me deito
E com mais penas
Com mais penas me levanto
No meu peito
Já me ficou no meu peito
Este jeito
O jeito de te querer tanto

Desespero
Tenho por meu desespero
Dentro de mim
Dentro de mim o castigo
Não te quero
Eu digo que não te quero
E de noite
De noite sonho contigo

Se considero
Que um dia hei-de morrer
No desespero
Que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile
Estendo o meu xaile no chão
Estendo o meu xaile
E deixo-me adormecer

Se eu soubesse
Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias
Tu me havias de chorar
Uma lágrima
Por uma lágrima tua
Que alegria
Me deixaria matar

http://youtu.be/8EGRZDuVLBY

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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CANSAÇO de Luís de Macedo

Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus
Alguém que passou por cá
E seguiu ao Deus dará
Deixando os olhos nos meus

Quem dorme na minha cama
E tenta sonhar meus sonhos
Alguém morreu nesta cama
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos

Tudo o que faço ou não faço
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim

http://youtu.be/IcxJ4MYL0_0

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sábado, 24 de setembro de 2011

FOI NA TRAVESSA DA PALHA de Joaquim Frederico de Brito

Foi na Travessa da Palha
Que o meu amante, um canalha
Fez sangrar meu coração
Trazendo ao lado outra amante
Vinha a gingar, petulante
Em ar de provocação

Na Taberna do Friagem
Entre muita fadistagem
Enfrentei-os sem rancor
Porque a mulher que trazia
Com certeza não valia
Nem sombras do meu amor

P'ra ver quem tinha mais brio
Cantamos ao desafio
Eu e essa "outra" qualquer
Deixei-a a perder de vista
Mostrando ser mais fadista
Provando ser mais mulher

Foi uma cena vivida
De muitas da minha vida
Que não se esquecem depois
Só sei que de madrugada
Após a cena acabada
Voltamos p'ra casa os dois !

http://youtu.be/1Olz3fShSUw


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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"GRITO" de Amália Rodrigues

Silêncio
Do silêncio faço um grito
E o corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco
De sombra a sombra
Há um céu tão recolhido
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido
Ao céu
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás d'ela
E eu
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora

Solidão
Que nem mesmo essa é inteira
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura
Ai solidão
Quem fora escorpião
Ai solidão
E se mordera a cabeça
Adeus
Já fui p'r'além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede
Adeus
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai como dói
A solidão quase loucura

http://youtu.be/_A0OjEf9lQw


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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"HERANÇAS" de Susana Metello Lopes

Minha mãe deu-me esta voz
Este soluço magoado
Pôs-me na garganta a noz
Dolente e bela do Fado

Meu pai deu-me a poesia
E este gosto de escutar
A doce melancolia
Duma guitarra a trinar

Também herdei a magia
De ter nascido em Lisboa
No meu peito há Mouraria
Nos meus olhos Madragoa

Trago Fado nos sentidos
Que linda Herança a minha
Que os meus dois amores queridos
Deram à sua alfacinha

Minha Herança é a mais bela
Que alguém jamais recebeu
Azul e rosa aguarela
O Fado, a Guitarra e eu !

http://youtu.be/d5Whx7z-rk0


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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"MARIA LISBOA" de David Mourão Ferreira

É varina, usa chinela
Tem movimentos de gata
Na canastra a caravela
No coração a fragata

Em vez de corvos, no xaile
Gaivotas vêm poisar
Quando o vento a leva ao baile
Baila no baile com o mar

É de conchas o vestido
Tem algas na cabeleira
E nas veias o latido
Do motor d'uma traineira

Vende sonho e maresia
Tempestades apregoa
Seu nome próprio : Maria
Seu apelido : Lisboa


http://youtu.be/_Tqz-GWIY1k

Tiago Morna, Susana Lopes, Júlio Garcia


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A Marcha da Mouraria, tem o seu quê de bairrista...

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Noite de Santo António em Lisboa

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